Aconteceu o que o Comando da Aeronáutica mais temia: FHC alegou falta de dinheiro, Lula foi incapaz de decidir e a compra dos caças ficou para o próximo governo, de Dilma Rousseff. Se é que haverá alguma compra. O cenário não é animador para a FAB, pois Dilma não entende e não gosta de Forças Armadas, mas entende e gosta de fazer contas. Uma conta que não fecha é querer comprar 36 aviões de caça em meio ao anúncio de um ajuste fiscal.
O que emperrou a decisão foi a divisão dentro do próprio governo: Jobim, Amorim e a área política do Planalto sempre preferiram o Rafale, francês, mas o relatório de 27 mil páginas da FAB indicou o Gripen NG, da Suécia, também apoiado pela Embraer e por setores sindicais ligados a Lula em São Paulo.
Com o impasse, nem o Rafale, nem o Gripen NG, nem o F-18 dos EUA conseguiu decolar. Ficaram todos em solo, com os brigadeiros a ver navios. Esse é o pior dos mundos para eles, que, a esta altura, queriam um avião, não importando mais se francês, americano ou sueco. Qualquer um servia.
Pelo lado de Lula, a preferência pelos Rafale murchou na mesma proporção em que o encanto pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, se esvaiu. A opção pelos caças da Dassault se justificava no contexto da "parceria estratégica com a França". Mas que parceria é essa se Sarkozy se uniu aos EUA contra o Brasil na votação do programa nuclear do Irã na ONU? Lula magoou.
Ficou difícil explicar por que escolher o Rafale, se é o avião mais caro dos três, nunca foi vendido para ninguém (exceto o governo da própria França) e não se encaixa mais no contexto do casamento Lula-Sarkozy. O risco de Jobim, que vai continuar ministro, é ficar falando sozinho a favor do caça francês. Dilma tomou uma decisão correta, apesar da paúra dos militares. Como técnica, deverá tomar uma decisão também técnica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário