O presidente Lula prometeu diversas vezes que não iria interferir na escolha dos ministros da presidente eleita Dilma Rousseff. O novo governo tem que ter a cara e também o jeito dela, afirmou. Nada obstante, a “criatura” convidou para ocupar os cargos-chave do futuro governo pessoas da absoluta confiança do seu “criador” a exemplo de Guido Mantega (Fazenda), Miriam Belchior (Planejamento), Antonio Palocci (Casa Civil), Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) e outros.
Ao ser questionado sobre essas escolhas, o presidente Lula reagiu, irônico: “Você queria que ela convidasse quem? O Serra para ser ministro da Fazenda? Ela convidou pessoas que conhece e que convivem com ela há muitos anos”. Até aí, dava crer que o “criador” não iria mesmo ter interferência no futuro governo da “criatura”. Mas essa impressão desfez-se ontem depois que o presidente, no Rio de Janeiro, puxou as orelhas de Guido Mantega por ter anunciado cortes nas verbas do PAC.
Ora, se o presidente não respeita sequer a ordem dada pela “criatura” ao atual e futuro ministro da Fazenda no sentido de efetuar cortes nos gastos públicos para conter o déficit e a ameaça de volta da inflação, como admitir que a partir de janeiro ele não interferirá no governo dela? É da natureza do presidente não silenciar diante de coisas com as quais não concorda. Por essa razão, por mais que ele tenha criticado FHC por ter dado opiniões sobre seu governo, nada indica que fará diferente.
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