Uma das maiores lideranças políticas de Garanhuns no campo popular, o ex-deputado estadual José Cardoso, foi lembrado na Câmara Municipal pelo vereador Sivaldo Albino (PPS). Segundo Sivaldo, passados 20 anos da morte do parlamentar, um militante aguerrido da esquerda, muitos ainda no município cultivam sua memória e não esquecem de suas batalhas a favor dos mais humildes.
Sivaldo relembrou a trajetória de Zé Cardoso:
José Cardoso nasceu em Garanhuns, em 1927, e teve uma infância humilde. Sempre pautou sua conduta pelos valores da honra e da ética, tendo sido considerado um exemplo de homem público. Antes de ingressar na política trabalhou como radialista na antiga Rádio Difusora, isso na década de 50.
O programa que apresentava na hoje Rádio Jornal, “Desfile das Cinco”, o projetou como comunicador, levando-o depois a política. Foi vereador por dois mandatos, tendo sido o mais votado no interior de Pernambuco, na eleição de 1959.
Em 1962, sempre ao lado das forças populares, Zé Cardoso se elege deputado estadual. Exerce o seu trabalho nos anos de 1963 e 1964, até ser alcançado pelo golpe militar e ter seus direitos políticos cassados.
Com a Anistia, nos anos 80, recupera seus direitos políticos se candidata a deputado, fica na suplência, mas assume o mandato, em 1987. Na época foi vice-líder do PDT de Leonel Brizola na Assembleia Legislativa e Constituinte Estadual em 1989.
Em 1992, quando era considerado o candidato mais forte à Prefeitura de Garanhuns, adoece e morre, deixando órfãos milhares de garanhuenses que o amavam como um autêntico líder popular.
Na opinião de Sivaldo Albino, o exemplo de Zé Cardoso ficou e os que fazem política no município, nos dias de hoje, não devem esquecer as lições do garanhuense de tantas lutas. “Cardoso é digno da lembrança e de todas as homenagens por parte do nosso povo e neste mês, quando se completam duas décadas que ele nos deixou, fazemos questão de nos irmanar aos seus amigos, aos seus correligionários, à família e a todos que conviveram com esse grande político”, disse o vereador.
José Cardoso dá nome a PE 177, projeto do deputado Marcoantônio Dourado; a Central de Abastecimento de Garanhuns (CEAGA), por proposta do vereador Paulo Gomes e denomina uma rua no Parque Fênix, uma homenagem dos moradores do bairro.
Confira Homenagem feita no Blog do Ronaldo César
O pobre também tem sua vez! Há 20 anos silenciava José Cardoso, o homem do povo!
Em 30 de abril de 1992, silenciava uma das vozes mais impressionantes da história de Garanhuns, e pela grandeza de sua participação política, de Pernambuco.
José Cardoso da Silva, homem simples, do povo, dono de um poder com as palavras e de versá-las em público que fazia de seus discursos verdadeiras festas populares, cativando as massas, e melhor, com o conteúdo de quem lutou contra a ditadura e se posicionou sempre ao lado da justiça e da liberdade.
Deputado em duas legislaturas estaduais, José Cardoso representou Garanhuns na Assembleia, de 1962 a 1964, quando foi cassado pelo governo militar, voltando depois em 1987, quando na época suplente da eleição de 1986, assumiu no lugar de Sérgio Guerra, quando Miguel Arraes nomeou o então aliado Secretário de Estado. José Cardoso foi também vereador, e foi direto da Câmara de Garanhuns que ele se elegeu deputado em seu primeiro mandato, numa votação nunca vista na história do município, sendo a maior do interior do estado, e a maior em termos proporcionais em Pernambuco.
Foi fundador do PDT, junto a Leonel Brizola, numa época em que a ideologia e o esquerdismo ainda mapeavam a política nacional, onde de um lado estavam os que lutavam pela liberdade de expressão e a democracia, e no outro, ainda pairavam os defensores do regime militar. Tempos difíceis para todos que militavam contra os poderosos.
Cabe registrar a infeliz coincidência de Garanhuns perder no mesmo ano, dois importantes nomes da nossa política, um mês antes de José Cardoso, o Brasil perdia a guerreira Cristina Tavares. Um símbolo em vários segmentos onde atuou, e é triste saber que ainda lhe falta uma grande e justa homenagem na Cidade das Flores.
Era dos pobres que José Cardoso gostava. Sua vida sempre foi entre seus eleitores e sua família, aliás, foi casado três vezes, e de suas companheiras nasceram onze filhos. Quatro do primeiro casamento, três do segundo e outros quatro do terceiro, que foi com a ex-vereadora Margarida Cardoso, mãe de Lucimar, Luciana, Lincoln e Lúcio.
Do primeiro casamento, José Cardoso tem filhos que ainda hoje dão sua contribuição ao município, como o diretor do Jornal A Gazeta, Rogério Cardoso, o ex-bancário e escritor Roberto Cardoso (que chegou a ser candidato a vice-prefeito) e José Cardoso Filho, que atua na Polícia Rodoviária Federal. São também filhos de José Cardoso: Ricardo (do primeiro casamento), e Sandra Lucélia, Lúcia e Luciene, do segundo.
José Cardoso trabalhou bastante, e fez quase de tudo em Garanhuns, de dono de bar a radialista, conquistando a simpatia de sua gente, até que se elegeu vereador em 1959. Três anos depois sairia eleito deputado com uma votação consagradora. Não tinha estudo, não terminou nem o primeiro grau, mas impressionava pelo seu conhecimento e sua caligrafia que chamava a atenção de todos, principalmente a quem sabia de sua pouca formação.
José Cardoso da Silva morreu sem realizar um sonho, governar Garanhuns, e quis o destino que sua morte ocorresse a poucos meses da eleição, e naquele momento, tinha a preferência do eleitorado e as pesquisas apontavam sua vitória.
Em 1992 a campanha estaria polarizada. De um lado, a continuidade da gestão de Ivo Amaral, lado oposto de José Cardoso, era o deputado federal José Tinoco, que mesmo tendo divergências com o prefeito da época, atuava no mesmo campo da antiga direita. Do outro, os partidos de oposição marchariam com Givaldo Calado, mas havia um sentimento público de forte rejeição às opções da época, e era aí que entraria José Cardoso, arregimentando votos dos dois lados, e tornando-se o candidato mais forte para a eleição. Mas não viveu para se eleger. A continuidade de um projeto de terceira via teve prosseguimento com Bartolomeu Quidute, que venceu a campanha meses depois.
José Cardoso era tricolor em Recife e Setembrino em Garanhuns, gostava de ouvir jogos no rádio e deixou muitas amizades mesmo no campo adversário de suas campanhas políticas, como o ex-prefeito Ivo Amaral. Seu féretro foi seguido por milhares de pessoas, comparado anos depois ao do radialista Aluízio Alves. Em sua grande maioria, pessoas simples da periferia, que davam adeus ao seu amigo. Pessoas que tinham acesso fácil a José Cardoso.
Na Assembleia Legislativa, José Cardoso fez de sua atuação um canal para trazer investimentos para Garanhuns, que garantissem emprego e renda para os jovens, e uma das ações, documentadas e guardadas como tesouro por seus filhos, principalmente Lincoln e Lúcio, que entraram em contato com o jornal, foi a vinda para Garanhuns da Refinações de Milho Brasil, que ainda hoje, como a Unilever, emprega centenas de conterrâneos.
Morreu sem patrimônio, muitas vezes sem ter uma casa para morar, dividia com os pobres o pouco que conquistou na política, na maioria das vezes bancando suas campanhas e de seus correligionários, mas morreu reconhecido por sua gente, que viu naquele homem mais que um representante político, alguém que fez de sua vida uma ode ao serviço público e aos ideais de uma vida voltada à dignidade e liberdade.
Morreu o homem do povo!
HOMENAGENS A JOSÉ CARDOSO
PE – 177 – Rodovia Deputado José Cardoso da Silva – Autoria Deputado Marcantônio Dourado
CEAGA Vereador José Cardoso da Silva – Autoria: Vereador Paulo Gomes
Sala de Imprensa da Câmara Municipal – Autoria: Vereador Sivaldo Albino
Rua José Cardoso da Silva – Parque Fênix.
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Imagens e outras informações, acervo da família, através do amigo Lúcio Cardoso.
Boa Tarde!venho por meio desta agradeçer a homenagem que a vsa.excelência fez ao meu tio JOSÉ CARDOSO DA SILVA!!
ResponderExcluirgrato..
WELLINGTON CARDOSO