Blog do Magno Martins
Até agora a relação entre os ex-governadores José Serra e Aécio Neves foi sempre em tese cordial e tensa na prática. Pode
ser só uma ligeira e quem sabe equivocada impressão de quem observa de
longe os movimentos, mas daqui em diante a corda tende a esticar.
Pelo
seguinte: Serra quer ser candidato a presidente outra vez e Aécio em
2014 também quer. E de verdade. Em 2006 e 2010 não jogou para valer, mas
para se posicionar. Por
enquanto mesmo os serristas acham difícil o PSDB deixar de caminhar com
Aécio, hoje visto como candidato natural. Tanto quanto Serra na eleição
passada.
Pelo
andar (tíbio) da carruagem dos tucanos, a batalha dar-se-á no campo da
afirmação partidária no exercício da oposição. Governadores de São Paulo
e Minas Gerais, nenhum dos dois se opôs politicamente ao governo
federal, alegando que como gestores dependiam da preservação de boas
relações com Brasília.
Não
usaram as respectivas forças políticas para sustentar a bancada
congressual quando ela mais precisou em sua única vitória significativa:
o fim da CPMF, alcançado com a persistência do DEM, a ajuda do PMDB e o
engajamento da sociedade.
Por
motivos diferentes, Aécio e Serra agiram por cálculo: o mineiro ciente
de que a ruptura não faria bem ao projeto de manter o controle da
província e o paulista crente que Lula retribuiria a gentileza pegando
leve na eleição.
É
possível que Serra tenha percebido o tamanho do equívoco e, por isso,
cobra do partido agora oposição de verdade. Se o PSDB achar por bem
responder ao chamado, é provável que Aécio se veja obrigado a atuar com
assertividade oposicionista no Senado. Os
dois desobrigados das tarefas administrativas, ambos almejando o mesmo
espaço, disputando hegemonia no mesmo partido com ressentimentos
acumulados de parte a parte: um cenário nada propício à unidade.
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