Do Jornal do Comércio
Apesar de ter vindo a público tratar do caso Fundarpe, ontem à noite, durante entrevista após participar de um evento administrativo, o governador Eduardo Campos (PSB) não quis entrar nos pontos mais polêmicos da crise no setor cultural: não comentou as declarações da presidente da entidade, Luciana Azevedo, de que a fundação atendia a “mamatinhas” de deputados, não respondeu se a Fundarpe revelará detalhes das contratações de eventos sem licitação, que nos últimos três anos e meio consumiram R$ 62,6 milhões do erário, nem tratou da insinuação da deputada estadual Terezinha Nunes (PSDB) sobre um suposto mensalão na Assembleia, via Fundarpe.
“Só tenho isso para falar”, foi a resposta do governador quando perguntado se a Fundarpe liberaria todos os dados sobre eventos requeridos pela oposição, após a inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no bairro do Curado II, em Jaboatão dos Guararapes. Isso depois dele ter discorrido sobre o projeto de lei enviado ontem à Assembleia e de ter endossado apoio a Luciana Azevedo. O governador, porém, enfatizou a transparência de seu governo e da gestão Luciana à frente da Fundarpe. “Foi através do nosso portal da transparência que todos tiveram acesso a essas informações”, afirmou.
Até o momento, o governo só revelou detalhes sobre um deputado que pediu apoio da Fundarpe para eventos. Justamente do líder da oposição, Augusto Coutinho (DEM), um dos mais ativos denunciantes de supostas irregularidades na entidade, que solicitou R$ 150 mil para festas de São João em Belo Jardim (Agreste) e na comunidade Terra Nostra, no Recife. E a julgar pelas declarações da presidente Luciana Azevedo, a fundação só revelará detalhes de seus críticos, sugerindo um tentativa de intimidação contra oposicionistas.
Desde o surgimento das denúncias contra a Fundarpe, vários questionamentos continuam sem respostas. A entidade não informou quais artistas e grupos culturais foram contratados, as datas e os locais dos eventos e quem indicou essas contratações, para justificar as despesas que chegam a R$ 62,6 milhões em três anos e meio.
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