A eleição de Dilma Rousseff para presidente da República fez um mal danado ao seu antecessor. É que, tendo bancado sozinho dentro do PT a indicação dela para concorrer à sua sucessão, Lula passou a se achar um semideus. Ora, deve ter pensado com os seus botões, se eu “elegi” Dilma, que nunca havia disputado uma eleição, tenho força política para pôr Fernando Haddad na prefeitura de São Paulo e estou legitimado para fazer as alianças necessárias, inclusive com Maluf.
A menos que o tratamento contra o câncer tenha interferido no bom senso do ex-presidente, ele tem cometido um erro atrás do outro, para não se dizer coisa pior. A escolha de Haddad em si já foi um erro, dado que o PT tinha candidato mais forte como Eduardo ou Marta Suplicy. E sua ida à mansão de Maluf para receber o apoio do PP foi um erro ainda maior. Uma coisa era Maluf ter ido ao Instituto Lula oferecer o apoio do PP ao PT. E outra muito diferente foi Lula ter ido à casa dele.
A aliança Lula-Maluf foi algo tão inusitado que tirou Erundina da chapa petista. Não que seja algo incomum a reconciliação de adversários. Mas é que o PT ao longo de sua história elegeu Maluf como símbolo da corrupção. Como aceitar agora esse cidadão no palanque de Haddad? Erro pior só a declaração de Lula ao programa do Ratinho segundo a qual “eu não vou permitir que um tucano volte à presidência”. Se tivesse dito que “o povo brasileiro” não vai permitir”, vá lá. Mas “eu”?
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