A comissão especial da reforma política no Senado aprovou nesta tarde (17) o fim
da reeleição e um mandato de cinco anos para presidente da República,
governadores e prefeitos. A nova regra valeria para os eleitos a partir de 2014,
ou seja, quem está no cargo atualmente poderia tentar a reeleição ainda uma vez.
Neste caso, na hipótese de reeleição da presidente Dilma Rousseff, ela seria
favorecida com um mandato de nove anos, já que o segundo teria a duração de
cinco anos.
O presidente da comissão, Francisco Dornelles (PP-RJ), e o
senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) foram os únicos a defender o modelo
atual, em que os governantes se elegem para exercer um mandato de quatro anos,
com direito à reeleição. O ex-governador de Santa Catarina Luiz Henrique (PMDB)
defendeu o fim da reeleição ou, mantido o instituto, que o governante seja
obrigado a se desincompatibilizar do cargo para disputar novo mandato.
O
senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o líder do PT, Humberto Costa (PE), defenderam o
fim da reeleição, com mandato de cinco anos, embora seus partidos tenham sido os
únicos a se beneficiar com esse modelo. "O PT sempre foi contra a reeleição, mas
não poderíamos ignorar as regras do jogo", justificou o petista.
Uma das
principais vozes pelo fim da reeleição, o senador Itamar Franco (PPS-MG) afirmou
que existe uma linha invisível entre o governante e o candidato que nem o
Tribunal Superior Eleitoral consegue distinguir. "Uma hora ele é governador,
outra hora é candidato. Quando tira o paletó, ele é candidato, mas a caneta vai
com ele", argumentou.
Na mesma reunião, a maioria do colegiado defendeu a
manutenção do voto obrigatório. Aécio admitiu que o voto facultativo seria "mais
palatável à opinião pública", mas chamou a atenção para o risco de se ter
"governantes eleitos por uma minoria pouco expressiva". Segundo ele, num momento
de maior confronto e crise política, isso poderia gerar instabilidade social.
"Temo que surjam setores desestimulados, gerando uma dispersão muito grande dos
votos e uma distorção do resultado eleitoral", concluiu.
Além disso, a
maioria da comissão avaliou que o modelo atual consiste numa "obrigatoriedade
flexível", já que a lei eleitoral prevê sanções brandas ao eleitor que faltar ao
pleito, como multas estimadas em R$ 3,50. Na próxima reunião, os senadores vão
analisar as propostas de implantação do voto distrital e do voto majoritário
para deputados federais, estaduais e vereadores.
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