Para dar conta das promessas de campanha, reafirmadas no discurso de posse, o governo da presidenta eleita Dilma Rousseff terá de desembolsar ao menos R$ 141,3 bilhões ao longo dos próximos quatro anos. Na estimativa, entram compromissos como tirar 21 milhões de brasileiros da miséria, construir 2 milhões de moradias, 6 mil creches, 371 escolas técnicas e 500 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
O custo de erradicar a miséria, por exemplo, uma das mais fortes bandeiras da sucessora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seria de R$ 14,3 bilhões ao ano, ou R$ 57,2 bilhões em quatro anos. O cálculo é do economista da FGV, Marcelo Neri, e leva em consideração somente gastos que poderiam ser feitos por meio do Bolsa Família. Este seria o montante necessário para complementar a atual base de beneficiários do programa, que hoje atende aproximadamente 50 milhões de pessoas com R$ 13,4 bilhões ao ano, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome.
A soma representa o complemento da renda deste novo contingente de 21 milhões de brasileiros que hoje possui renda per capita inferior a um quarto de salário mínimo – identificada por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2010, do IBGE. A ideia ajudar essa parcela da sociedade a alcançar os R$ 127,50 em renda per capita considerados pelo governo como o marco para sair da condição de miséria.
Segundo critérios adotados mundialmente pela Organização das Nações Unidas (ONU), são consideradas miseráveis pessoas com renda domiciliar inferior à linha de pobreza estabelecida pelo Banco Mundial (US$ 1,25 ao dia, corrigido pela paridade do poder de compra, método que desconta a variação de custo de vida entre países). O critério estabelecido pelo governo considera miseráveis os brasileiros que ganham cerca de R$ 4,25 diários, mais que o parâmetro da ONU. “Se considerado o dado da ONU, não seriam 21 milhões de brasileiros. Seria, na verdade, menos de 4% da população, o que não dá nem 10 milhões de pessoas”, diz Sandra Brandão, integrante da equipe de transição do governo Lula para o governo Dilma.
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