quinta-feira, 1 de julho de 2010

Chuvas ameaçam ano letivo de 44mil alunos em Pernambuco

Margarida Azevedo
Do Jornal do Commercio


Doze escolas estaduais e municipais inaproveitáveis, outras 62 danificadas e, no mínimo, 44 mil alunos prejudicados. Esse é o saldo das enchentes na rede pública de ensino de Pernambuco. Secretários de Educação correm contra o tempo para reorganizar o parque escolar antes do início do segundo semestre letivo, cuja data varia de acordo com o cronograma de cada rede. O maior receio é que, com a dificuldade para encontrar prédios que possam ser usados como escolas, o ano letivo de 2010 se estenda até 2011.

Nesta quinta-feira (1º), o secretário de Educação de Pernambuco, Nilton Mota, estará em Brasília para conversar com o secretário-executivo do Ministério da Educação, Henrique Paim. O encontro vai definir o montante de recursos a ser repassado para o Estado investir na educação. Apenas para a rede estadual, o pleito do governo é de R$ 33 milhões, dos quais R$ 23 milhões para reconstrução ou reforma de 50 escolas e duas gerências regionais de Educação e R$ 10 milhões para equipamentos e mobiliário. Para os municípios, o valor não estava fechado até ontem à tarde.

“Com as prefeituras, estamos concluindo o diagnóstico dos danos nas escolas para saber quanto será necessário para reconstruir as rede municipais. Esse mapeamento será levado a Brasília e apresentado ao MEC”, explicou ontem a secretária-executiva de Educação de Pernambuco, Margareth Zaponi. As cidades de Palmares, Barreiros e Água Preta, na Zona da Mata, estão entre as mais atingidas pela chuva nas últimas semanas.
Em Palmares, uma das unidades mais antigas e tradicionais, o Colégio Municipal Fernando Augusto Pinto Ribeiro, no Centro, ficou inaproveitável. Lá estudavam 998 alunos do ensino fundamental. Parte do prédio ainda está de pé. “Infelizmente não dá para aproveitar nada. Estimamos que para construir uma escola do mesmo porte sejam necessários R$ 600 mil”, observou o secretário de Educação de Palmares, Flávio Miranda. Outras três unidades de ensino (Telma Leandro e Jaime de Castro Montenegro, na área urbana, e São João da Prata, na zona rural) tiveram parte da estrutura danificada. Também houve avaria na Biblioteca Municipal Fenelon Barreto e no prédio da Secretaria de Educação.

Da rede estadual, também em Palmares, houve destruição nas Escolas Agrícola, Dr. Pedro Afonso de Medeiros, Fraternidade Palmeirense e Maquinista Amaro Monteiro. “Vamos montar galpões pré-fabricados para abrigar os estudantes. Serão espaços provisórios, até que as novas escolas fiquem prontas. Se a chuva parar, acredito que haverá condições de terminar o ano letivo em 2010. Caso contrário, teremos que refazer o calendário escolar”, afirmou Margareth Zaponi.

Em Barreiros, houve danos físicos nas Escolas Estaduais Central de Barreiros, de Referência em Ensino Médio Althenor Guimarães e Hélio Santiago Ramos. Na rede municipal, conforme a secretária de Educação, Amarina Freitas, ainda não foi realizado levantamento dos estragos. Mas sabe-se que seis escolas da zona urbana tiveram avarias. “Com certeza teremos que adiar o início do segundo semestre para agosto. Acredito que também vamos concluir o ano letivo no início de 2011”, comentou Amarina.

DESOLAÇÃO - O que restou do maior colégio municipal de Água Preta, a Escola Padre Francisco, onde estudavam 2.600 estudantes, no bairro do Jiquiá, não deve ser aproveitado. Parte está em ruínas e o que restou de pé está comprometido. A unidade fica às margens do Rio Una. Aluno da 6ª série, Graciliano Carvalho, 12 anos, lamentou o estado em que ficou o prédio. “Estou triste. Além de destruir a escola, a chuva levou muita coisa da minha família. Perdi meus livros e até os óculos”, contou o adolescente. Outras três unidades foram destruídas e mais 10 parcialmente danificadas.

“Uma das alternativas, enquanto não se constrói um novo prédio, é transferir os alunos para o clube municipal. Colocaríamos divisórias para formar salas de aula. Outra opção é criar turnos intermediários nas escolas que não foram prejudicadas, para abrigar os estudantes dos colégios destruídos. Vamos discutir com o Conselho Municipal de Educação e a comunidade escolar”, ressaltou a secretária de Educação de Água Preta, Albertina Melo.

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