quinta-feira, 10 de junho de 2010

ESTRADAS: MÁFIA DA PROPINA VAI PARA A CADEIA

LEOPOLDO MONTEIRO
Folha de Pernambuco

Agentes das polícias Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF) desencadearam ontem uma megaoperação em Pernambuco para desarticular núcleos de corrupção dentro da Polícia Rodoviária Federal. O foco da ação foi prender agentes rodoviários federais envolvidos no esquema de recebimento de propina em delegacias e postos da PRF situados em três rodovias federais - BR-101, BR-232 e BR-408 - e de nove municípios do Estado. Foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva, 36 conduções coercitivas, 25 afastamentos cautelares das funções dos envolvidos, além de 62 mandados de busca e apreensão. Trinta agentes rodoviários federais e 15 macro-empresários serão indiciados por corrupção ativa.

Um total de 480 policiais de 14 estados do País participaram da operação, que aconteceu na RMR, na Zona da Mata e Agreste do Estado. Entre as irregularidades, segundo as investigações, estão a omissão na fiscalização das estradas, cobrança de “pedágio” indevida a motoristas, além de acordo irregular com empresas para facilitar a passagem de transportes que, com carga acima do peso permitido, circulavam livremente nas estradas. As investigações sobre a má conduta de agentes rodoviários tiveram início em 2006 devido a uma série de denúncias de usuários às corregedorias geral e regional da PRF. Até o fechamento desta edição, do dinheiro apreendido, R$ 180 mil haviam sido contabilizados.

“Os suspeitos extorquiam o usuário. Um policial identificava alguma irregularidade no automóvel ou no condutor e cobravam dinheiro para liberar a passagem do motorista”, explicou o assessor nacional de comunicação da PRF, inspetor Alexandre Castilho. Os envolvidos no esquema, segundo os responsáveis pela operação, policiais que trabalham entre 15 e 30 anos na corporação. As investigações correm em segredo de Justiça. Os envolvidos nas irregularidades poderão responder pelos crimes de corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica, advocacia administrativa e violação de sigilo funcional.

A polícia usou como artifícios nas investigações imagens feitas por câmeras escondidas instaladas em postos policiais e delegacias da PRF, a quebra de sigilo bancário e interceptação de ligações telefônicas. “Reunimos provas contundentes que dão sustentação sobre a prática do crime”, comentou o chefe do núcleo de operações da PF em Pernambuco, delegado Ricardo Garcia Ennes. Os suspeitos vão responder a processo administrativo, como também na Justiça. As cinco pessoas capturadas por força de mandados de prisão preventiva foram encaminhadas para o Centro de Triagem Cotel, em Abreu e Lima.

Os policiais rodoviários federais que tiveram o afastamento cautelar das funções decretados podem ser expulsos da corporação.


Nenhum comentário:

Postar um comentário