domingo, 7 de março de 2010

A guerra dos chatos

Coluna de Carlos Brickmann

Serra anuncia que é candidato à Presidência - novidade que até as olheiras de Sua Excelência já conheciam há meses. Dilma faz campanha antes do prazo legal - novidade que até as garças que vivem nos jardins palacianos já se cansaram de descobrir. O mais divertido é Ciro, que não veio para explicar, mas para confundir. O problema é que a movimentação de Ciro, o anúncio de Serra, a campanha de Dilma são notícia todos os dias. A mesma notícia, nos mesmos termos, com as mesmas dúvidas e indagações, as mesmas análises. Eta, campanha mais chata!

Falar a verdade, que é bom, isso se evita ao máximo. Dizem que Aécio dará votos a Serra se for seu vice. Jô Soares tinha um personagem ótimo que não queria ser vice: não existe nenhuma ponte, nenhuma estrada, com o nome "vice Fulano". Nem se vota em vice: o vice faz parte da chapa. Responda rápido: quem foi, durante oito anos, o vice de Fernando Henrique? Serra faz tanta questão de ter Aécio como vice só para garantir que não será traído por ele. Serra sabe: em 1992, como candidato à Presidência, teve mais punhais nas costas do que votos.

Da campanha antecipada de Dilma também não se diz o óbvio: quando alguém se define como candidato, entra automaticamente em campanha, sem esperar que algum cuco eleitoral lhe sopre a hora certa. Aí, como a campanha é proibida, toca a inaugurar pedra fundamental e assistir a batizado de boneca. A lei está errada, engessa a disputa. Mas mudar a lei, não: já pensou se isso tira voto?

Político, como jogador de futebol, não muda a frase. Tudo chato, muito chato.


Matéria publicada no bloddomagno.com.br


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